Hoje, escrevo lá no Mamíferas e falo de mudanças.
E chove desde domingo na cidade maravilhosa...
Deixo vocês com esse linda história ordenada por Francisco Gregório Filho
Lua Mulher, Homem Sol
“Oh!Lua eu vos agradeço...
Por esse luar criador
Em troca vos ofereço
Essa canção com amor”
A avó adquiria as toalhas grandes e coloridas...
Em casa reunia os netos, pegava na gaveta a caixinha de costura e pedia:
- Vamos, escolham as linhas, enfiem nas agulhas. Escolham também uns pedacinhos de fita... da sua cor predileta, vamos escolham!
Então a avó cortava as grandes toalhas em pequenos retalhos... organizava-os em grupos de cores...
.... costurava, nas beiradinhas, os pedaços de fitas coloridas... a às vezes aplicava também uns pedacinhos de renda...
E com agulhas, com linhas escolhidas pelas crianças, bordava uma lua no centro do retalho. Em cada toalhinha uma fase da lua: nova, minguante, crescente e cheia.
Depois, com ferro de passar morno, amciava essas toalhinas e guardava-as em caixas de sapatos vazias. Arrumava-as agrupadas por cada fase da lua: ... nova, minguante, crescente e cheia.
Os meninos curiosos perguntavam:
-Vó... para que servem essas toalhinhas?
- Um dia vocês saberão... – respondia a avó.
Os meninos especulavam... especulavam, curiosamente.
Um dia, no aniversário da neta mais velha, a vó convocou os demais e convidou-os:
-Vamos presentear... ouviram? Presentear... pre...sen...tear. Cochichou baixinho em todos os ouvidos. Então, presentearam.
Tempos depois, nova convocação e a avó ordenou que as crianças prestassem atanção...
... No tanque, Marina, a neta mais velha, lavava sua primeira toalhinha...
... a água escorria toldada... rosada.
E a avó, diante das expressões curiosas nos rostos dos netos, comntou uma história:
- A lua tem suas passagens, suas fases... e assim também são as mulheres...
- Todas as meninas fazem essa passagem. De menina para moça. Na preparação do corpo para ação de fecundar. Mas precisa se cuidar... discernimento para escolher o momento. As meninas passam a ser mensalistas... renovam o sangue mensalmente... acompanhando o ciclo da lua.
E disse ainda a vó:
- Os meninos, filhos do sol, não tem essa capacidade... mas precisam ser companheiros, parceiros. As meninas precisam de suas delicadezas.
A avó repetia cerimoniosamente:
- Todas as mulheres borram as toalhinhas. Em todas as culturas... em todos os países, as mulheres borram as toalhinhas na preparação do corpo para a fecundação. As mulheres são mensalistas, acompanham o ciclo da lua nova, crescente, minguante e cheia....
A avó, a moça, os rapazes, as crianças e os adultos da casa festejaram cantando e dançando... a passagem da Marina:
“Oh!Lua eu vos agradeço...
Por esse luar criador
Em troca vos ofereço
Essa canção com amor”
Neste dia a mãe preparou um bolo e confeitou-o de um azul celestial e por cima desenhou uma lua...
O pai chegou da rua trazendo nas mãos um buquê de flores e ofertou-o à nova moça da casa. O buquê, claro, vinha com um cartão escrito assim:
“ Feliz Passagem, Feliz Mulher”
Lua Mulher, Homem Sol é uma história ordenada por Francisco Gregório Filho (contador de histórias Fantástico!), a partir da sua vivencia com sua avó Maria, em Rio Branco no Acre.
A Canção da lua é Fragmento de um acanção composta por Alfredo Gregório seu primo.
Esta história está no livro”Ler e Contar Contar e Ler caderno de Histórias", de sua autoria.
Que lindo!
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