Quando engravidei pela primeira vez, não quis saber o sexo do bebê.
Na verdade, não quis saber nem na primeira, nem na segunda gestação.
Na primeira, tanto fazia pra mim. Não tinha expectativas nenhuma.
Nasceu menino e isso me deu um alívio, que só pude perceber na segunda gestação.
Quando engravidei pela segunda vez, entrei em pânico. Não quis saber o sexo, porque tanto fazia se fosse menina ou menino. Nada iria mudar do ponto de vista gestacional.
Mas a idéia de nascer menina, me deixava em parafuso.
E sabe porque? porque acho muito difícil ser mulher.
Aqui em casa por exemplo. Somos um casal bem moderno e o marido daqui, é só um pouco machista, mas bem pouco mesmo. Diria que é uma gota homeopática bem diluída. Aceitável!
Mas ainda escuto coisas que uma feminista mais ferrenha teria vontade de cortar os culhões do pobre.
Esses dias que se passaram, foi um marco para o movimento feminino. Muitas passeatas pelo direito da mulher.
Confesso que fico confusa com tudo isso, pois antes de ser mulher, pertenço à humanidade, à especie humana e partindo desse ponto de vista, não faz sentido isso tudo.
Aqui em casa, eu cuido do lar e das crianças. Sou dona de casa, e muita gente pergunta se trabalho. Claro que trabalho e muito, mas será que essa pergunta merece resposta?
Quando paramos pra analisar toda a história da humanidade e procuramos pelas vozes das mulheres, ficamos perplexos com as atrocidades que se cometem com o gênero. Sem contar o nível de desconexão que vivemos hoje com o feminino.
Voltando aos assuntos domésticos.
Acho natural um homem lavar louça.
O daqui lava. Mas ele é melhor que outros que não lavam ou não fazem nada em casa? Não!
Como diria minha vó: "não faz mais que sua obrigação!"
Porque os afazeres domésticos precisam ser divididos com o marido, pelo simples fato de que o marido mora naquela casa e não na outra.
O fato do marido trabalhar fora o dia inteiro, não tira a obrigação dele ajudar na casa e com os filhos.
Quando a gente casa, a gente junta trapos e sonhos. E no meio de tudo isso estão os filhos e a casa.
Se um faz mais que o outro, tem algo errado!
Não é pelo fato de que eu fico o dia todo em casa que não estou faço nada.
Trabalho doméstico é exaustivo, porque é repetitivo. Não pára nunca! Um horror!
Dia desses ouvi sem cerimônia da boca do marido, que reclamo disso porque ainda não entendi o papel da mulher.
O quê???? hummmm ...
Ando pensando em leiloar uns culhões.
...
...
Pensando bem, vou deixar a poeira baixar e repensar essa história do leilão, pois isso implica em outras perdas.
Mas abriu pra mim um leque de questões e muita conversa. Aos pouquinhos a gente vai dando o tom da prosa.
Ficar em casa cuidando do lar, no atual contexto da humanidade é muito confuso.
Porque para ficar em casa, abri mão de muitos sonhos e desejos.
Isso pesa no final do dia.
Eu, muitas vezes me pego pensando se fiz a melhor escolha.
Quero dizer que não me sinto nenhum pouco à vontade em escrever sobre esse tema, porque não me sinto feminista. Aliás eu não entendo esse conceito direito.
Mas se for olhar bem a fundo o que quer dizer tudo isso e porque as mulheres vão pras ruas, sou sim muito feminista e é por isso que também vou pras ruas e que milito, mesmo que dosadamente.
Pode ser que nesse texto tenha traços machistas, mas culturalmente não encontro respostas pra muitas das minhas angústias feminina. E sou fruto do meio, por mais que eu me esforce pra ser peixe e saber nadar nessa maré, não consigo ir muito longe.
Por essa e outras razões é que tinha pânico de ter menina.
Porque ela também vai ser mulher num território machista. Porque por mais que eu a ajude a se entender como fêmea, ela vai ser julgada pelo ponto de vista machista.
Adianto que não tenho nenhum problema com o meu feminino.
Ao contrário, apesar de tudo que já passei, sou bem resolvida.
Amo muito estar viva como espécie humana do sexo feminino.
Se vivo esse dilema todo, tendo como companheiro esse cara que acho genial, imagino o que passam outras mulheres em noutros contextos. É barra!
Ontem lí uma notícia que dizia que os direitos da mulher foram moedas de troca no texto da Rio +20 (leia aqui).
Assim caminha a humanidade à passos lentos, modorrentos e embolorados.
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Nossa missão como mães é criar nossos meninos sob uma visão igualitária, respeitar, e se dar o respeito é para homens mulheres e etc...
ResponderExcluirTravo uma "batalha" aqui com o marido para acabar com "Pára com isso é cisa de muherzinha" ou "não faça isso que é coisa de menino" ain! Domingo á noite mesmo quase leiloei uns culhões...rsrs
Li vc no mamíferas e parei aqui...
ResponderExcluirEngraçado como o ser humano se identifica né? Fui ler a mãe do blog e me vi em várias citações, pensei na identificação quando vi que vc é geminiana, como eu, rsss... Então entendi, só podia, rssss... Falar pelos cotovelos e dar com a língua nos dentes é algo típico geminiano, rsss... Interessante tudo isso sabe? Estou nesse momento confuso, quero mas não quero, será que fiz ou vou fazer a escolha certa, como encarar o meio, afinal sou produto dele, com tantas cobranças... Trabalho na empresa do meu marido pertinho de casa, apesar de toda a facilidade que eu tenho por ser esposa dele, ainda sim tenho que deixar meus dois pequenos o dia todo na escola, quando chego em casa é janta, louça, roupa, banho... E então a historinha ficou para o dia seguinte, e então o desenho que poderíamos fazer junto não deu pra fazer hoje, e as plantas? Mais uma vez esqueci de aguar... Tadinho do Billy e da Bila (meus cachorros), estão precisando tanto de um carinho... Meu marido? Ajuda sim, lava o quintal dos cachorros todo dia, põe comida, água, dá banho nas crianças enquanto eu arrumo as mochilas do dia seguinte, dá a janta enquanto eu vou p/ o jazz e muitas vezes quando volto (não todas), a louça já está lavada, mas ainda sim o tempo com os meus filhos não são da maneira que eu gostaria, então quando eles dormem eu olho para aqueles rostinhos e penso: Meus Deus, será que não seria melhor mandar todo mundo ir às favas e ficar em casa com os meus anjos? Essa época vai passar e eu não estou conseguindo curtir tudo... Esse é um dos maiores conflitos que vem rondando minha mente... Gostei muito de ler vc!!! Beijos!