Ou Ser Feliz no Inferno...
Eu prefiro dizer que é Comparecer ao Paraíso.
Mas dia desses compreendi com todo o meu ser o que significa "Ser Mãe é Padecer no Paraíso...", nalgum momento já fomos paraíso de alguém, no caso nossa mãe, e ela também foi nosso paraíso e também nosso inferno. Ok!?!
Em algum momento de nossas vidas, olhamos para aquela mulher e dissemos a nós mesmas que não íamos fazer nada igual a ela, que seríamos uma mãe muito melhor, e que jamais cometeríamos os mesmos erros. Botamos nosso saco de ossos nas costas e fomos pelo mundo a fora nos achando o máximo, desbravando com garra cada pedacinho de terra pisada. Chegou um momento que nos cansamos e quisemos repousar no colo de alguém, preferencialmente aquele que era o mais interessante da turma. Gostamos do colo e de abraço em abraço nos juntamos tanto, até acharmos que éramos um.
E fomos nós, cada um com seu saco de ossos, que com o tempo ficou esquecido num canto da casa, morar juntos numa eterna lua de mel. Então a lua de mel ficou crescente e crescente e crescente até se tornar cheia e romper trazendo para os nossos braços um ser muito especial. Querido, amado e esperado por todos à nossa volta.
Vivemos essa experiência tão intensamente que as vezes nos esquecemos de nós mesmas. Ser Mãe é MARAVILHOSO! Mas em poucos dias vem o cansaço de ter que trocar fraldas, amamentar, lidar com as visitas, com os palpites alheios, com as cólicas etc e tal, tal e etc... Derrepente os ossos esquecidos no canto da casa (lembra?) tomam vida. Junto deles todas as nossas expectativas e negações. Aquela velha mãe guardada no bolso nos sorri gentilmente e começa a tomar a dianteira na criação da nossa cria.... ..... ...... NÃO...... Mas não era isso que eu queria! Porque o prometido era ser diferente e no entanto quem nos bate à porta é exatamente ela. A Mãe!
E agora? ou a gente toma a dianteira e escolhe o que de melhor "essa Mãe" nos deu, ou a gente surta e entra no redemoinho da vida. Até porque o saco de ossos agora tem pele e cheiro e está dentro de nós. Isso sem contar o saco de ossos do outro que também tomou forma e está dentro dele.
Há de ter respeito por essa "Mãe" por pior que ela tenha sido. Amá-la, perdoá-la e encorajá-la a nós ensinar um caminho diferente, porque ela também não quis ser igual a Mãe dela e também já tem distância suficiente para entender que poderia ter sido diferente. E essa vivência é interna, só nossa. Silenciosa, apesar dos sintomas claros.
Ser Mãe é Padecer no Paraíso, porque requer de nós escolher, acolher, ampliar, ceder, amar e tudo mais, enquanto nosso pequeno Paraíso está ali à nossa frente nos sorrindo e esperando de nós um Paraíso.
Cabe a nós escolher se este Paraíso nos fará padecer ou ser felizes.
Por mim, quero Comparecer ao Paraíso. Nem que seja cheia de esparadrapos.
Você é fora de série!
ResponderExcluirObrigada por iluminar meu caminho enquanto tenta iluminar o seu.
Muito bonito, parabens. Você escreve muito bem et foi um prazer ler essas palavras. Vou procurar Padecer no diccionário para completar minha compreensão :D.
ResponderExcluirAdorei. Você é muito querida!
ResponderExcluirParabéns pelo novo blog guerreira! É muito bom te ver frutificando, viva, pulsante e dona de si e de suas crias.
ResponderExcluirLindo, Maribel! Lindos textos e reflexões!
ResponderExcluirPude sentir mais afinidades entre nós, apesar de eu ainda não ser mãe, lendo teus escritos dá pra saborear este gostinho delicioso que ser mãe deve ter.
Parabéns!!!