Na madrugada do dia 22 eu postei no meu facebook o seguinte cometário:
"Neste momento (01:30hs) eu entrava em Trabalho de Parto. Eu disse: "Não! é alarme falso" - Ele disse: "melhor ligar" - eu disse: Não... 41 semanas.quando vi o tampão, chorei. Disse: liga! nosso bebê vai nascer!Logo mais nossa parteira, companheira de viagem, chegaria e em pouco mais de 3 horas, sem dor, sem laceração, nascia nossa Catarina Maria. Há 2 anos.
Nasceu numa lua cheia, virginiana, veio quando quis, do jeito que quis. Me transformou inteira!
Trouxe consigo a primavera no raiar do dia.
Catarina menina.
Minha Flor de Maracujá."
Encerrei o dia com essa imagem:
Não entendi na hora, mas fui dormir com algo incomodo.
Repassei a gravidez e a chegada da Catarina.
Foram momentos difíceis pra mim!
Primeiro, porque não esperava a gravidez. A relação entrou em crise. Não me sentia bonita, nem feliz. Vivia numa profunda irritação, que variava da melancolia à explosão de raiva.
Não quis saber o sexo do bebê, em nenhuma das gestações. Na primeira, não cheguei a questionar nada. Estava grávida e bastava.
Na segunda eu sentia calafrios quando passava pela minha cabeça que poderia ser uma menina.
Um dia, durante uma crise emocional, minha parteira perguntou se eu tinha alguma intuição sobre o sexo do bebê. Respondi rápido: "vai ser menino também, não tenho jeito pra meninas. Sou mãe de menino!" e tentei encerrar o assunto. Ela insistiu: -"E, se for menina?"
Fui tomada por um choro, e pela primeira vez eu consegui falar dos meus medos.
Eu tinha medo de ser mãe de menina. Não queria!
Não achava justo nascer mulher nesse mundo covarde.
Disse o quanto eu já havia sofrido pelo simples fato de ter nascido mulher. Não queria!
E não era menina, era menino!
Não tinha nem nome de menina.
Ela, a parteira, mulher, também despiu um pouco de si e me deu em poucas palavras uma dose de coragem pra ser mãe de uma possível menina. Na verdade ela me deu mais. Me fez ver em mim, a menina que sou.
Eu tinha medo!
Dias depois, ouvi na escola do meu filho alguém chamar ao longe; - "Catarinaaaa", me arrepiei inteira!
Era como se um raio tivesse caído em mim. Não tive mais nenhuma dúvida de que dentro havia uma menina e se chamaria Catarina. Na minha frente estava o Mauricio, que disse apenas: "Não gosto desse nome. Na verdade, não me vejo pai de uma Catarina, mas a única pessoa no mundo que pode escolher o nome de um filho é a mãe. Quem sou eu? se você acha que é..."
Não me saiu mais Catarina da minha cabeça.
Mas eu ainda não me convencia de que seria mãe de uma menina.
41 semanas de gestação de muito medo, incertezas, lágrimas, culpa, dor, solidão.
Entrei em trabalho de parto de madrugada. Por volta das 2 da madruga. Foi um trabalho de parto exatamente como eu sonhei. Rápido, sem dor. Imaginava que o francisco estaria dormindo e que o bebê nasceria e logo após ele acordava. E assim foi.
Catarina nasceu as 05:37 do dia 22/09. Havia no céu uma lua cheia imensa e intensa.
O processo do parto começou antes, bem antes. Com 38 semanas achava que iria parir a qualquer momento. E não paria.
Esse "não" parto, me deixava no chão. Qualquer intuição que eu tinha me levava a nenhum lugar. Já falei disso aqui.
Mas o parto da Catarina foi um presente muito especial. Apesar de todo o turbilhão que foi a gestação, eu tive um parto sem dor, sem laceração.
O parto do Francisco foi muito doloroso e eu senti muita raiva por isso, não queria que se repetisse e busquei ajuda. Pratiquei meditação, fiz yoga, dança do ventre, massagens. Dizia pra mim mesma que eu iria conseguir parir sem dor.
E pari!
Cada contração que vinha eu respirava, abria, deixava vir. E veio. Veio plena!
Senti o repuxo do expulsivo. Em três contrações ela estava nas mãos da parteira. Pouco mais de três horas de parto, e não houve dor.
Eu estava de costa e de cócoras, a Helô me pediu que virasse rápido. Quando ví que era menina, gritei bem alto: "É MENINAAAA!"
A Helô me contou depois que por um segundo quase falou antes, mas conseguiu se conter. Foi muito generoso da parte dela!
O Mauricio, desta vez ficou muito nervoso e mal conseguia participar do parto, mas por incumbência divina, a nossa doula, chegou em casa bem nesse momento, e o ajudou a chegar bem pertinho da porta do quarto. Ele a viu nascer!
Ainda estou me habituando a ser mãe de menina. Ela tem um olhar profundo. Me provoca. Adora me beijar até sufocar. Abraça. Dorme em cima de mim.
É intensa como a sua lua de seu nascimento. Tenho aprendido muito...
Por ela trouxe flores pra casa e pros cabelos.
Catarina Maria, minha flor de maracujá!
É uma Menina!