Na minha infância, meu pai dizia: "pra quê comprar brinquedos, ela quebra tudo! Só pra gastar dinheiro!"
E assim, na minha infancia, eis que quase não tive brinquedos. Os poucos que apareceram, foi porque minha mãe, filha mais velha de uma família de 9 irmãos e sem ter tido o direito de brincar porque tinha de ajudar a mãe, furava a barreira do meu pai.
Teve um natal que ganhei uma boneca imensa, e logo coloquei ela em teste. Cortei seus cabelos que não cresceram nunca e dias depois, cortei sua barriga pra ver dentro. Quase morri! Ela era oca. Depois disso não quis mais saber de bonecas.
Passei minha infância no interior do Mato Grosso, onde a rede de tv do seu Marinho era a unica opção e durante os intervalos a tela ficava preta, pois não passava comercial. Eram nesses momentos que eu largava a tv e ia pra rua brincar, para o desespero da minha mãe, pois eu deixava a tv ligada gastando luz e ainda por cima sumia no mundo.
Conhecia muitos becos com casas em demolição, onde eu catava pedaços de tijolos, e azulejos e fazia minha casa. Construía imensos castelos nas casas das formigas, sabia onde tinha a melhor manga da região colhida na hora, passava horas num pé de sirigüela me deliciando. Salvava os filhotes de passarinho que caiam do ninho e lotava vidros de maionese com vaga-lumes nas noites de verão.
Sem saberem meu pai e e seu Marinho salvaram minha infância e me ajudaram a ser quem eu sou hoje.
Hoje, aqui em casa o brincar é coisa séria!
Meu marido é educador e eu, além de contadora de histórias, faço brinquedos feitos à mão.
Quando o Francisco nasceu, morávamos num bairro, onde não havia nenhuma praça. Nosso condomínio tinha um parquinho desativado e perigoso. Na medida que ele crescia, meu desespero aumentava. Não havia lugar onde eu pudesse caminhar à vontade sem ter de respirar monóxido de carbono, com buzinas e atravessar ruas perigosas. Pra fazer um passeio agradável eu tinha de sair de ônibus. Vendemos nosso apartamento e optamos por um condomínio em Santa Teresa, onde tem uma vizinhança com muitas crianças e uma praça com brinquedos em madeira, espaço pra correr e tal.
Eles não vão à escola, por opção nossa. O Francisco frequentou o jardim por um período, na escola onde meu marido trabalha, uma escola que tem o brincar como prioridade.
Temos dois filhos e eu deixei de trabalhar fora para ficar com as crianças. É desafiador, mas muito inspirador.
Criança tem de ter espaço pra ser criança. Meus filhos brincam muito e não assistem nem a tv do seu Marinho, nem outra qualquer. Dá muito trabalho criar filho sem tv ou dvd, preciso me reinventar a cada instante. Descobri que posso inventar brincadeiras, mas não necessariamente "brincar" com eles. Percebi que o que eles esperam de mim, é atitude de adulto, esperam que eu garanta segurança pra que possam brincar, portanto, estou sempre perto. Mas isso não quer dizer que eu não brinque com eles.
Valorizamos os brinquedos de materiais naturais e deixamos disponíveis poucos brinquedos. Quando saímos pra longas caminhadas, catamos pedrinhas, folhas, sementes. Observamos insetos e pássaros. Acreditamos que "menos é mais".
O Brincar livre e espontâneo é o único legado que poderemos deixar para nossos filhos. Por isso esse brincar precisa ser preservado.
Criança que brinca é criança feliz!
"Em minha casa reuni brinquedos pequenos e grandes, sem os quais não poderia viver. O menino que não brinca não é menino, mas o homem que não brinca perdeu para sempre o menino que vivia nele e que lhe fará muita falta."
Pablo Neruda
Pablo Neruda
A Semana Mundial do Brincar é uma ação promovida pela Aliança Pela Infância.
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Oi Maribel! Agora consegui postar para a blogagem!
ResponderExcluirhttp://www.whatmommyneeds.net/2012/05/brincando-com-coisa-seria-re-postagem.html
Beijo